quinta-feira, dezembro 28, 2006

..." Sou portanto, como vedes, aquela verdadeira distribuidora dos bens, aquela Loucura que os latinos chamam de Stultitia e os gregos Moria. Mas, que necessidade havia de dizê-lo? minha fisionomia já não mostra suficientemente? E se alguém tivesse a Audácia de afirmar que sou Minerva ou a Sabedoria, teria eu necessidade de pintar-lhes minha alma por meus discursos? não lhe bastaria olhar-me por um instante para convencer-se do contrário? Não pode haver em mim nem maquiagem e nem dissimulação, e jamais se percebe em meu rosto as aparências de um sentimento que não esteja em meu coração. Enfim, sou em toda parte semelhante a mim mesma que ninguém poderia me ocultar, nem mesmo os que querem desempenhar o papel de sábios e que mais desejam ser tido como tais"...

Trecho do livro: Elogio da Loucura, Onde quem fala é a Loucura.
Erasmo de Rotterdam ( 1419 - 1536)















ERASMUS DE ROTERDAM
Retrato de Erasmus realizado por Durero.

Nas entrelinhas de Elogio da Loucura, o humanista Erasmo critica todos os racionalistas e escolásticos ortodoxos que punham o homem ao serviço da razão ( e não o contrário ) e estendeu um véu de compaixão por sobre a natureza humana. Afinal, como ele próprio diz, " Está escrito no primeiro capítulo do eclesiastes: O número de loucos é infinito. Ora, esse infinito compreende todos os homens, com exceção de uns poucos, e duvido que alguma vez se tenha visto estes poucos".